Mecanismos de segurança Agora que você já está ciente de alguns dos riscos relacionados ao uso de computadores e da Internet e que, apesar disso, reconhece que não é possível deixar de usar estes recursos, está no momento de aprender detalhadamente a se proteger. No seu dia a dia, há cuidados que você toma, muitas vezes de forma instintiva, para detectar e evitar riscos. Por exemplo: o contato pessoal e a apresentação de documentos possibilitam que você confirme a identidade de alguém, a presença na agência do seu banco garante que há um relacionamento com ele, os Cartórios podem reconhecer a veracidade da assinatura de alguém, etc. E como fazer isto na Internet, onde as ações são realizadas sem contato pessoal e por um meio de comunicação que, em princípio, é considerado inseguro? Para permitir que você possa aplicar na Internet cuidados similares aos que costuma tomar em seu dia a dia, é necessário que os serviços disponibilizados e as comunicações realizadas por este meio garantam alguns requisitos básicos de segurança, como: Identificação: permitir que uma entidade1 se identifique, ou seja, diga quem ela é. Autenticação: verificar se a entidade é realmente quem ela diz ser. Autorização: determinar as ações que a entidade pode executar. Integridade: proteger a informação contra alteração não autorizada. Confidencialidade ou sigilo: proteger uma informação contra acesso não autorizado. Não repúdio: evitar que uma entidade possa negar que foi ela quem executou uma ação. Disponibilidade: garantir que um recurso esteja disponível sempre que necessário. Para prover e garantir estes requisitos, foram adaptados e desenvolvidos os mecanismos de segurança que, quando corretamente configurados e utilizados, podem auxiliá-lo a se proteger dos riscos envolvendo o uso da Internet. Antes de detalhar estes mecanismos, porém, é importante que você seja advertido sobre a possibilidade de ocorrência de “falso positivo”. Este termo é usado para designar uma situação na qual um mecanismo de segurança aponta uma atividade como sendo maliciosa ou anômala, quando na verdade trata-se de uma atividade legítima. Um falso positivo pode ser considerado um falso alarme (ou um alarme falso). Um falso positivo ocorre, por exemplo, quando uma página legítima é classificada como phishing, uma mensagem legítima é considerada spam, um arquivo é erroneamente detectado como estando infectado ou um firewall indica como ataques algumas respostas dadas às solicitações feitas pelo próprio usuário. Apesar de existir esta possibilidade, isto não deve ser motivo para que os mecanismos de segurança não sejam usados, pois a ocorrência destes casos é geralmente baixa e, muitas vezes, pode ser resolvida com alterações de configuração ou nas regras de verificação. Nas próximas seções são apresentados alguns dos principais mecanismos de segurança e os cuidados que você deve tomar ao usar cada um deles. [1] Uma entidade pode ser, por exemplo, uma pessoa, uma empresa ou um programa de computador. voltar Política de segurança A política de segurança define os direitos e as responsabilidades de cada um em relação à segurança dos recursos computacionais que utiliza e as penalidades às quais está sujeito, caso não a cumpra. É considerada como um importante mecanismo de segurança, tanto para as instituições como para os usuários, pois com ela é possível deixar claro o comportamento esperado de cada um. Desta forma, casos de mau comportamento, que estejam previstos na política, podem ser tratados de forma adequada pelas partes envolvidas. A política de segurança pode conter outras políticas específicas, como: Política de senhas: define as regras sobre o uso de senhas nos recursos computacionais, como tamanho mínimo e máximo, regra de formação e periodicidade de troca. Política de backup: define as regras sobre a realização de cópias de segurança, como tipo de mídia utilizada, período de retenção e frequência de execução. Política de privacidade: define como são tratadas as informações pessoais, sejam elas de clientes, usuários ou funcionários. Política de confidencialidade: define como são tratadas as informações institucionais, ou seja, se elas podem ser repassadas a terceiros. Política de uso aceitável (PUA) ou Acceptable Use Policy (AUP): também chamada de “Termo de Uso” ou “Termo de Serviço”, define as regras de uso dos recursos computacionais, os direitos e as responsabilidades de quem os utiliza e as situações que são consideradas abusivas. A política de uso aceitável costuma ser disponibilizada na página Web e/ou ser apresentada no momento em que a pessoa passa a ter acesso aos recursos. Talvez você já tenha se deparado com estas políticas, por exemplo, ao ser admitido em uma empresa, ao contratar um provedor de acesso e ao utilizar serviços disponibilizados por meio da Internet, como redes sociais e Webmail. Algumas situações que geralmente são consideradas de uso abusivo (não aceitável) são:
O desrespeito à política de segurança ou à política de uso aceitável de uma instituição pode ser considerado como um incidente de segurança e, dependendo das circunstâncias, ser motivo para encerramento de contrato (de trabalho, de prestação de serviços, etc.). Cuidados a serem tomados:
Notificação de incidentes e abusos Um incidente de segurança pode ser definido como qualquer evento adverso, confirmado ou sob suspeita, relacionado à segurança de sistemas de computação ou de redes de computadores. Alguns exemplos de incidentes de segurança são: tentativa de uso ou acesso não autorizado a sistemas ou dados, tentativa de tornar serviços indisponíveis, modificação em sistemas (sem o conhecimento ou consentimento prévio dos donos) e o desrespeito à política de segurança ou à política de uso aceitável de uma instituição. É muito importante que você notifique sempre que se deparar com uma atitude que considere abusiva ou com um incidente de segurança. De modo geral, a lista de pessoas/entidades a serem notificadas inclui: os responsáveis pelo computador que originou a atividade, os responsáveis pela rede que originou o incidente (incluindo o grupo de segurança e abusos, se existir um para aquela rede) e o grupo de segurança e abusos da rede a qual você está conectado (seja um provedor, empresa, universidade ou outro tipo de instituição). Ao notificar um incidente, além de se proteger e contribuir para a segurança global da Internet, também ajudará outras pessoas a detectarem problemas, como computadores infectados, falhas de configuração e violações em políticas de segurança ou de uso aceitável de recursos. Para encontrar os responsáveis por uma rede você deve consultar um “servidor de WHOIS”, onde são mantidas as bases de dados sobre os responsáveis por cada bloco de números IP existentes. Para IPs alocados ao Brasil você pode consultar o servidor em http://registro.br/cgi-bin/whois/, para os demais países você pode acessar o sitehttp://www.geektools.com/whois.php que aceita consultas referentes a qualquer número IP e as redireciona para os servidores apropriados2. É importante que você mantenha o CERT.br na cópia das suas notificações3, pois isto contribuirá para as atividades deste grupo e permitirá que:
A notificação deve incluir a maior quantidade de informações possível, tais como:
Outras informações e respostas para as dúvidas mais comuns referentes ao processo de notificação de incidentes podem ser encontradas na lista de questões mais frequentes (FAQ) mantida pelo CERT.br e disponível em http://www.cert.br/docs/faq1.html. [2] Os e-mails encontrados nestas consultas não são necessariamente da pessoa que praticou o ataque, mas sim dos responsáveis pela rede à qual o computador está conectado, ou seja, podem ser os administradores da rede, sócios da empresa, ou qualquer outra pessoa que foi designada para cuidar da conexão da instituição com a Internet. voltar Contas e senhas Contas e senhas são atualmente o mecanismo de autenticação mais usado para o controle de acesso a sites e serviços oferecidos pela Internet. É por meio das suas contas e senhas que os sistemas conseguem saber quem você é e definir as ações que você pode realizar. Dicas de elaboração, alteração e gerenciamento, assim como os cuidados que você deve ter ao usar suas contas e senhas, são apresentados no Capítulo Contas e senhas. Criptografia Usando criptografia você pode proteger seus dados contra acessos indevidos, tanto os que trafegam pela Internet como os já gravados em seu computador. Detalhes sobre como a criptografia pode contribuir para manter a segurança dos seus dados e os conceitos de certificados e assinaturas digitais são apresentados no Capítulo Criptografia. Detalhes sobre como a criptografia pode ser usada para garantir a conexão segura aos sites na Internet são apresentados na Seção10.1 do Capítulo Uso seguro da Internet. Cópias de segurança (Backups) Você já imaginou o que aconteceria se, de uma hora para outra, perdesse alguns ou até mesmo todos os dados armazenados em seu computador? E se fossem todas as suas fotos ou os dados armazenados em seus dispositivos móveis? E se, ao enviar seu computador para manutenção, você o recebesse de volta com o disco rígido formatado? Para evitar que estas situações aconteçam, é necessário que você aja de forma preventiva e realize cópias de segurança (backups). Muitas pessoas, infelizmente, só percebem a importância de ter backups quando já é tarde demais, ou seja, quando os dados já foram perdidos e não se pode fazer mais nada para recuperá-los. Backups são extremamente importantes, pois permitem: Proteção de dados: você pode preservar seus dados para que sejam recuperados em situações como falha de disco rígido, atualização mal-sucedida do sistema operacional, exclusão ou substituição acidental de arquivos, ação de códigos maliciosos/atacantes e furto/perda de dispositivos. Recuperação de versões: você pode recuperar uma versão antiga de um arquivo alterado, como uma parte excluída de um texto editado ou a imagem original de uma foto manipulada. Arquivamento: você pode copiar ou mover dados que deseja ou que precisa guardar, mas que não são necessários no seu dia a dia e que raramente são alterados. Muitos sistemas operacionais já possuem ferramentas de backup e recuperação integradas e também há a opção de instalar programas externos. Na maioria dos casos, ao usar estas ferramentas, basta que você tome algumas decisões, como: Onde gravar os backups: você pode usar mídias (como CD, DVD, pen-drive, disco de Blu-ray e disco rígido interno ou externo) ou armazená-los remotamente (online ou off-site). A escolha depende do programa de backup que está sendo usado e de questões como capacidade de armazenamento, custo e confiabilidade. Um CD, DVD ou Blu-ray pode bastar para pequenas quantidades de dados, um pen-drive pode ser indicado para dados constantemente modificados, ao passo que um disco rígido pode ser usado para grandes volumes que devam perdurar. Quais arquivos copiar: apenas arquivos confiáveis4 e que tenham importância para você devem ser copiados. Arquivos de programas que podem ser reinstalados, geralmente, não precisam ser copiados. Fazer cópia de arquivos desnecessários pode ocupar espaço inutilmente e dificultar a localização dos demais dados. Muitos programas de backup já possuem listas de arquivos e diretórios recomendados, você pode optar por aceitá-las ou criar suas próprias listas. Com que periodicidade devo realizá-los: depende da frequência com que você cria ou modifica arquivos. Arquivos frequentemente modificados podem ser copiados diariamente ao passo que aqueles pouco alterados podem ser copiados semanalmente ou mensalmente. Cuidados a serem tomados:
Ao utilizar serviços de backup online há alguns cuidados adicionais que você deve tomar, como:
[4] Arquivos que possam conter códigos maliciosos ou ter sido modificados/substituídos por invasores não devem ser copiados. voltar Registro de eventos (Logs) Log5 é o registro de atividade gerado por programas e serviços de um computador. Ele pode ficar armazenado em arquivos, na memória do computador ou em bases de dados. A partir da análise desta informação você pode ser capaz de:
Baseado nisto, você pode tomar medidas preventivas para tentar evitar que um problema maior ocorra ou, caso não seja possível, tentar reduzir os danos. Alguns exemplos são:
Logs são essenciais para notificação de incidentes, pois permitem que diversas informações importantes sejam detectadas, como por exemplo: a data e o horário em que uma determinada atividade ocorreu, o fuso horário do log, o endereço IP de origem da atividade, as portas envolvidas e o protocolo utilizado no ataque (TCP, UDP, ICMP, etc.), os dados completos que foram enviados para o computador ou rede e o resultado da atividade (se ela ocorreu com sucesso ou não). Cuidados a serem tomados:
[5] Log é um termo técnico que se refere ao registro de atividades de diversos tipos como, por exemplo, de conexão (informações sobre a conexão de um computador à Internet) e de acesso a aplicações (informações de acesso de um computador a uma aplicação de Internet). Na Cartilha este termo é usado para se referir ao registro das atividades que ocorrem no computador do usuário. voltar Ferramentas antimalware Ferramentas antimalware são aquelas que procuram detectar e, então, anular ou remover os códigos maliciosos de um computador. Antivírus,antispyware, antirootkit e antitrojan são exemplos de ferramentas deste tipo. Ainda que existam ferramentas específicas para os diferentes tipos de códigos maliciosos, muitas vezes é difícil delimitar a área de atuação de cada uma delas, pois a definição do tipo de código malicioso depende de cada fabricante e muitos códigos mesclam as características dos demais tipos (mais detalhes no Capítulo Códigos Maliciosos (Malware)). Entre as diferentes ferramentas existentes, a que engloba a maior quantidade de funcionalidades é o antivírus. Apesar de inicialmente eles terem sido criados para atuar especificamente sobre vírus, com o passar do tempo, passaram também a englobar as funcionalidades dos demais programas, fazendo com que alguns deles caíssem em desuso. Há diversos tipos de programas antimalware que diferem entre si das seguintes formas: Método de detecção: assinatura (uma lista de assinaturas7 é usada à procura de padrões), heurística (baseia-se nas estruturas, instruções e características que o código malicioso possui) e comportamento (baseia-se no comportamento apresentado pelo código malicioso quando executado) são alguns dos métodos mais comuns. Forma de obtenção: podem ser gratuitos (quando livremente obtidos na Internet e usados por prazo indeterminado), experimentais (trial, usados livremente por um prazo predeterminado) e pagos (exigem que uma licença seja adquirida). Um mesmo fabricante pode disponibilizar mais de um tipo de programa, sendo que a versão gratuita costuma possuir funcionalidades básicas ao passo que a versão paga possui funcionalidades extras, além de poder contar com suporte. Execução: podem ser localmente instalados no computador ou executados sob demanda por intermédio do navegador Web. Também podem ser online, quando enviados para serem executados em servidores remotos, por um ou mais programas. Funcionalidades apresentadas: além das funções básicas (detectar, anular e remover códigos maliciosos) também podem apresentar outras funcionalidade integradas, como a possibilidade de geração de discos de emergência e firewall pessoal (mais detalhes na Seção 7.8). Alguns exemplos de antimalware online são:
Para escolher o antimalware que melhor se adapta à sua necessidade é importante levar em conta o uso que você faz e as características de cada versão. Observe que não há relação entre o custo e a eficiência de um programa, pois há versões gratuitas que apresentam mais funcionalidades que versões pagas de outros fabricantes. Alguns sitesapresentam comparativos entre os programas de diferentes fabricantes que podem guiá-lo na escolha do qual melhor lhe atende, tais como:
Cuidados a serem tomados:
[7] A assinatura de um código malicioso corresponde a características específicas nele contidas e que permitem que seja identificado unicamente. Um arquivo de assinaturas corresponde ao conjunto de assinaturas definidas pelo fabricante para os códigos maliciosos já detectados. voltar Firewall pessoal Firewall pessoal é um tipo específico de firewall que é utilizado para proteger um computador contra acessos não autorizados vindos da Internet. Os programas antimalware, apesar da grande quantidade de funcionalidades, não são capazes de impedir que um atacante tente explorar, via rede, alguma vulnerabilidade existente em seu computador e nem de evitar o acesso não autorizado, caso haja algum backdoor nele instalado8. Devido a isto, além da instalação do antimalware, é necessário que você utilize um firewall pessoal. Quando bem configurado, o firewall pessoal pode ser capaz de:
Alguns sistemas operacionais possuem firewall pessoal integrado. Caso o sistema instalado em seu computador não possua um ou você não queira usá-lo, há diversas opções disponíveis (pagas ou gratuitas). Você também pode optar por um antimalware com funcionalidades de firewall pessoal integradas. Cuidados a serem tomados:
As configurações do firewall dependem de cada fabricante. De forma geral, a mais indicada é:
[8] Exceto aqueles que possuem firewall pessoal integrado. voltar Filtro antispam Os filtros antispam já vem integrado à maioria dos Webmails e programas leitores de e-mails e permite separar os e-mails desejados dos indesejados (spams). A maioria dos filtros passa por um período inicial de treinamento, no qual o usuário seleciona manualmente as mensagens consideradas spame, com base nas classificações, o filtro vai “aprendendo” a distinguir as mensagens. Mais informações sobre filtros antispam e cuidados a serem tomados podem ser encontradas em http://antispam.br/. Mais detalhes sobre outras formas de prevenção contra spam são apresentadas no Capítulo Spam. . Outros mecanismos Filtro antiphishing: já vem integrado à maioria dos navegadores Web e serve para alertar os usuários quando uma página suspeita de ser falsa é acessada. O usuário pode então decidir se quer acessá-la mesmo assim ou navegar para outra página. Filtro de janelas de pop-up: já vem integrado à maioria dos navegadores Web e permite que você controle a exibição de janelas de pop-up. Você pode optar por bloquear, liberar totalmente ou permitir apenas para sites específicos. Filtro de códigos móveis: filtros, como o NoScript, permitem que você controle a execução de códigos Java e JavaScript. Você pode decidir quando permitir a execução destes códigos e se eles serão executados temporariamente ou permanentemente – http://noscript.net/ Filtro de bloqueio de propagandas: filtros, como o Adblock, permitem o bloqueio de sites conhecidos por apresentarem propagandas – http://adblockplus.org/ Teste de reputação de site: complementos, como o WOT (Web of Trust), permitem determinar a reputação dos sites que você acessa. Por meio de um esquema de cores, ele indica a reputação do site, como: verde escuro (excelente), verde claro (boa), amarelo (insatisfatória), vermelho claro (má) e vermelho escuro (péssima) –http://www.mywot.com/ Programa para verificação de vulnerabilidades: programas, como o PSI (Secunia Personal Software Inspector), permitem verificar vulnerabilidades nos programas instalados em seu computador e determinar quais devem ser atualizados – Sites e complementos para expansão de links curtos: complementos ou sites específicos, como o LongURL, permitem verificar qual é o link de destino de um link curto. Desta forma, você pode verificar a URL de destino, sem que para isto necessite acessar o link curto – Anonymizer: sites para navegação anônima, conhecidos como anonymizers, intermediam o envio e recebimento de informações entre o seu navegador Web e o site que você deseja visitar. Desta forma, o seu navegador não recebe cookies e as informações por ele fornecidas não são repassadas para o site visitado –http://www.anonymizer.com/
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