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De acordo com especialistas, este deve ser apenas o primeiro passo para que o jovem comece a compreender com o que vai trabalhar no futuro. Pais e alunos devem buscar profissionais que os ajudem com isso nas escolas, em clínicas particulares de orientação vocacional ou em faculades de psicologia, que geralmente oferecem o serviço gratuitamente ou a um preço simbólico.
“O teste vocacional é um instrumento de trabalho, funciona como um raio-X para um médico. Ajuda no diagnóstico, mas não posso dizer, a partir do teste, qual a carreira que a pessoa deve seguir”, garante a coordenadora do serviço de orientação vocacional da Universidade de São Paulo (USP), Maria da Conceição Uvaldo.
Em oposição aos testes que dividem os resultados em três áreas do conhecimento — humanas, exatas e biológicas –, a tendência atual é dialogar com o estudante, compreender cada caso e provocar o orientando a refletir sobre os próprios interesses e habilidades.
“Não é que os testes foram abolidos: foram introduzidos testes qualitativos. São feitas propostas para o jovem e à medida em que ele pensa nelas, é provocado à reflexão. Tem uma infinidade de aspectos que conseguimos extrair desses exercícios, bem como do contato com o cliente”, garante a psicanalista e orientadora vocacional Maria Stella Sampaio, do instituto Colmeia.
Segundo as especialistas, o ideal é fazer os testes como um pontapé inicial nessa reflexão, mas a indicação é procurar ajuda profissional, sobretudo para quem estiver em dúvida quanto a essa escolha.
“Se deixarmos um teste na mão do estudante, ele não tem como se responsabilizar por aquele caminho. No entanto, se o profissional conversa com ele e o ajuda a pensar sobre isso, ele vai se sentir autor da decisão. Não se pode delegar essa responsabilidade para um teste”, defende Maria Stella.
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Quando começar a escolha
A dica das profissionais é começar a pensar nesse assunto e buscar ajuda no início do ensino médio. “Quando os jovens entram nessa etapa, ou mesmo quando estão terminando o ensino fundamental, é possível notar quais são as preferências de cada um nas áreas do conhecimento”, diz Maria Stella.
“Caso o estudante queira seguir uma carreira técnica, o ideal é procurar orientação vocacional no 9º ano. Se a ideia é cumprir o currículo tradicional do ensino médio, a recomendação é pensar nisso quando esta etapa começar”, aconselha Maria Stella.
Mesmo esperando até a última fase do ensino básico para escolher uma profissão, muitos jovens se sentem pressionados ao fazer essa opção com tão pouca idade. Para a professora Maria da Conceição, esse medo deve ser relativizado.
“As pessoas que estão decidindo suas profissões agora devem viver até os 100 anos, é difícil imaginar que a escolha delas será para o resto da vida. O esperado é mudar, até porque o mundo muda rapidamente. Além disso, uma coisa que geralmente acontece é o estudante entrar para a faculdade com uma ideia e, lá dentro, repensar, mantendo-se na profissão escolhida ou mudando completamente”, afirma.
“As pessoas que estão decidindo suas profissões agora devem viver até os 100 anos, é difícil imaginar que a escolha delas será para o resto da vida.”
De acordo com a professora, existem basicamente quatro perfis de pessoas que buscam orientação vocacional. O maior grupo é o de adolescentes, que ainda não decidiram por uma carreira: eles se dividem no perfil que busca ajuda para escolher um curso técnico e nos que procuram uma carreira de curso superior. Outro perfil é o de universitários que se encontram em crise com o curso escolhido e procuram alternativas na orientação, além de pessoas formadas que querem mudar de profissão.
Formação x profissão
Uma concepção que pode ajudar a tranquilizar os jovens, segundo a professora Maria da Conceição, é compreender que o caminho dos estudos é o de uma formação, e não de uma profissão.
“Uma boa formação ajuda a entender o mundo, o mercado de trabalho, as mudanças que acontecem nas carreiras. Não precisa ficar atrelado a amarras tão complexas, pensar que a escolha é para o resto da vida. A boa formação ajuda a se movimentar dentro do mercado. Não existem profissões do futuro, mas profissionais com futuro”, defende a psicóloga.
Primeiro passo
A pedido do G1, a Colmeia — Instituição a Serviço da Juventude elaborou um teste vocacional para o Guia de Carreiras. O estudante deve responder como se identifica com as 30 afirmações propostas, e ao final poderá determinar um dos aspectos da escolha da profissão: seu objeto de trabalho preferido.
As respostas giram em torno de três variáveis: pessoas ou animais, dados e coisas. Assim, um estudante que prefere majoritariamente dados, por exemplo, poderá se identificar com economia ou com análise de sistemas — esta dúvida poderá ser sanada com orientação profissional personalizada.
Uma possibilidade é o estudante se deparar com pouca diferença ou até mesmo empate em duas categorias. Nesses casos, aconselha-se pensar em profissões que englobem os dois objetos. Um exemplo é o de empate entre coisas e pessoas ou animais: este aluno pode ter perfil para tornar-se um veterinário ou um cirurgião. No caso de pontuações parecidas nas três categorias, pode ser um indicativo de que o jovem não sabe bem o que quer ainda, e deve procurar ajuda o quanto antes.
Por Clara Campoli, Portal G1
Conteúdo acessado em 06/10/2017 às 12:01